Monday, January 8

Relações I

Aristóteles, se bem me lembro, criou o conceito do saber empírico… o saber “de experiência feito”.

Do alto do seu quarto de século, o/a jovem do século XXI usa este tipo de sabedoria como ferramenta preciosa para superar os desafios que tem pela frente, sejam eles exames, trabalhos, jogos de King ou relações amorosas.
Nas relações, como na vida (1*), é importante praticar, experimentar, ir aos limites, falhar e voltar a levantar… isto para quem não acerta à 1ª, porque para quem se casa com a 1ª namorada… epah… pois

Vou-vos transmitir algumas coisas que o tempo me inseriu pelo recto:

- Tolerância e Respeito são a base de qualquer relação.

_A estes acrescente-se a Confiança se se quiser a relação amigável... não compreendo o conceito de não confiar em alguém que se ama... espero nunca vir a compreender

- Comunicação e Sinceridade trazem saúde vital ao amor (2*)
_Se não vos disse ainda, acho que a capacidade de comunicar é a ferramenta que mais nos diferencia do resto dos seres e é nosso dever utiliza-la o melhor que conseguirmos.

- O telemóvel serve para falar e escrever, não para dar toques:
_o uso excessivo do telemóvel cria habituação e é quase irreversível.
_o uso defectivo traz chatices e algum desespero

- Uma amizade colorida é linda, saborosa, livre e representa a Utopia das relações humanas.
_Claro que, sendo Utópica, por definição, não existe. O que se chama de amizade colorida explica-se com um período Espacio-Temporal no qual dois caminhos distintos estão tão próximos que se tocam… cedo se vão entrelaçar ou separar.

- Escrever (mensagem, carta ou mail) é muito mais fácil e eficaz que falar
_A voz não treme, sai muito mais bonito, diz-se tudo o que se tem para dizer e além disso dá p’ra guardar e ler quando se vai no Metro
_Tem o problema da resposta não ser imediata… se o assunto for crucial o melhor é mandar carta registada ou, no caso do mail, com conhecimento a Deus ;p.

- Respeito, mas não concordo com quem guarda o sexo para depois do casamento.
_Uma relação frustrada na cama é uma relação ansiosa e com muita merda por dizer. O sexo, além de ser bom, existe para diferentes gostos, ritmos e necessidades… é importante perceber os gostos do/a parceiro/a e trabalhar uma solução satisfatória para ambos… se não for possível… pensem um bocado antes de se casarem.

- Nos filmes não se aprende nada de jeito.
_Uma cena ultra romântica à la Hollywood (o aparecer sem aviso, a serenata no campo de futebol ou até mesmo o beijo desprevenido) são maravilhosos no momento certo e desastrosos em todos os outros momentos.
A espontaneidade, quando cuidadosamente planeada, além de perder a existência, perde o encanto.

- O Timing e a Sensibilidade são fundamentais.
_Deve-se ter a sensibilidade para se perceber que, quando se perde o timing, se deve criar condições para o aparecimento de um novo momento propício… a acção certa no timing errado torna-se um daqueles momentos referidos no ponto anterior.

- A ciumeira ligeira é querida e é bom sinal
_O ciúme sério é doentio, estúpido, destruidor e o 1º indicador de que não se tem Confiança no parceiro. (3*)

- Relações recentes à distância não funcionam
_Se por acaso fores caixeiro-viajante, ou Eng.º de Obra… chapéu… mais vale não tentar… vai ter de acabar mais tarde ou mais cedo
_‘Tive para não pôr o “recentes” lá, mas vá… dou-vos essa.

- Last but not least:
_Não te apaixonarás, namorarás, curtirás, comerás ou Zás-Trás-Pás ninguém que tenha laços dentro do teu circulo sócio-problemático de amigos ou amores.

Posto isto e uma quantidade de outras coisas que não me passaram pela cabeça enquanto escrevia, temos um conjunto de asneiras que conduzem e limitam qualquer relação amorosa que eu tenha ou considere vir a ter.

Se considerarmos a ideia plenamente aceite de que a fêmea humana é um bicho ainda mais complexo no que concerne os macaquinhos na cabeça, temos então do outro lado um poço ainda maior de dogmas da tanga que temos que cruzar com o meu… complicado e, nesta fase, já um pouco cansativo.

Admitindo que conseguimos suplantar todos os requerimentos internos e que do cruzamento de asneirada sai um sinal verde para a busca da felicidade eterna e conjunta, podemos então partir para construção de uma relação baseada no mais Puro Amor... será?

(E agora, o poema do dia:)

O Amor é puro quando duas pessoas se olham e se derretem.
É puro quando elas se tocam e se fundem… quando se deitam e se amam



Beijos,

Shamrock


(1*) – Leite é Juventude

(2*) – Atenção que eu disse comunicação, não disse informação.
A informação é parecida, mas muito mais perigosa… necessita de gestão.
Informação a mais é desnecessária and can be dangerous… ponham-se nos sapatos do/a parceiro/a e decidam o que precisam de saber.

(3*) – Neste ponto ressalvo que falo de ciúmes dentro de uma relação de namoro ou casamento… os ciúmes de amizade ou de amizade-colorida são dolorosos, normais e perfeitamente justificáveis… não têm é armas ou razão para se fazerem valer, visto não haver a questão da “propriedade”.

13 comments:

cmfm said...

Não tinhas dito que havia um poema de que estava orgulhoso?

Shamrock said...

Mon chère,

Se estiveres a falar comigo podes começar por tirar o chapéu.
Depois tratas-me ou por tu, ou por você... não quero cá misturas.

Qual é o problema com o meu poema curto e gostoso?

Tomas said...

Ora bem... isto merece comentário... (não que o resto não tenha algum mérito de algum outro tipo...)

Acho bem, a quase tudo... algumas opiniões que me surgem igualmente do reino empírico.

Escrever não é mais eficaz que falar... porque as palavras têm muitos sentidos, cada uma aliada a uma sensação. E no papel não se expressa, não há lugar par desvanecer dúvidas, cria problemas quando se quer comunicar de maneira sincera e muitas vezes não dá lugar ao respeito pela resposta. (a não ser que esta surja em mais uma carta, mas o efeito do tempo tem muitos impactos que sempre sub-estimamos…) Escrever é sim, concordo, mais fácil que falar…


Last but not least, pa-tra-zar, ou outro nar, rar ou tir qualquer no círculo sócio-problemático (ou sócio-solucionático?) não tem problema desde que o teu 1 e 2 sejam sempre respeitados… E fazer isso... bem… também é utópico (ou pelo menos quasi-utópico…)

Shamrock said...

Homem do blog,

Sinceramente acho que já fui mais vezes mal interpretado a falar... o que não diz muito da minha articulação de palavreado... de qualquer das maneiras acho que quando se escreve bem e claro, fica lá para se ler e reler.
Sem dúvida que quando a conversa já vai solta mais vale falar... é muito mais produtivo.

Quanto aos circulos... só mesmo a nivel utópico... as vacas ainda são sagradas... ainda somos humanos...

O que eu gostava mesmo era de ver as meninas a comentar aqui ;p

Beijos

Anonymous said...

"Respeito, mas não concordo com quem guarda o sexo para depois do casamento"... respeitas?!! ah, mas não concordas, então está bem! essa está boa!
um abraço!

Shamrock said...

Respeito porque respeitinho é bonito;
percebo porque o raciocinio até faz algum sentido na "lógica" católica da coisa;
não concordo porque acho que uma relação (como as que tive até hoje e como gostaria que fossem no meu futuro) têm componentes fisicas e psicológicas e casares-te com alguém que não conheces fisicamente é quase como casares com alguém que não conheces psicológicamente... um risco enorme que eu nunca assumiria.

Há um diferença grande:
Se não te deres bem fisicamente, podes "facilmente" engolir esses sentimentos... e dormir
Se não te deres bem psicológicamente, tens o peso de uma sociedade que olha p'ra ti... não é tão fácil de lidar... além de que é mais dificil adormecer no Pingo Doce...

Um abraço macaco p'ra ti

Shamrock

Anonymous said...

La dizia o poeta:

"O amor e o unico jogo q se perde a partida...se tivermos medo d o jogar!"

ou qqer coisa do genero :p

Abraços, Joao Ratao

Shamrock said...

Não são todos assim?

Anonymous said...

Eu disse "qqer coisa do genero"!!!
E provavel q tenha pronunciado a coisa mal :p! Fica a intençao

JRatao

Anonymous said...

Well, well, well...
You really lost me now!

Começo pelo final, de baixo para cima, na ordenação que fizéste.

O círculo sócio-problemático de amigos e amores tem sempre uma grande vantagem, é-nos familiar, próximo e "seguro", não implica tranquilidade, mas também não implica impossibilidade. Reconheço a árdua tarefa de gerir a memória e o descalabro sensorial que esta pode provocar. Eu prefiro o simpático desconhecido, mas nem sempre isso acontece.

Relações (de longa data ou recentes) podem não sobreviver à distância, funcionar até podem funcionar, segundo uma lógica que difere daquela que se desenvolve quando ambas as partes estão (logisticamente) próximas. As de longa data podem ter mais possibilidades de sucesso, uma vez que o tempo pode ter incutido sólidas bases. As recentes, bem ..... uma "relação" recente que passa pela distância perde a parte da relação, do contacto (que suponho se quer frequente), do convívo, dos momentos que, no fundo, constituirão as pistas, para ambos, no sentido de que existe substância para avançar (para uma relação) ou não. Na minha modesta opinião, a distância fortalece um imaginário, mas em muito poucos casos contribui positivamente para o desenvolvimento e construção do que se quer de uma relação. Obviamente que tudo isto mudará nos seus contextos particulares. A generalidade tem destas coisas.

Por aqui fico, neste momento. Abriram-se as portadas da reflexão interior. Perdi-me dentro de mim. Vou ver se me encontro.

Até breve.

xxx

Shamrock said...

electra,

Fico contente por saber que te pús a pensar.. é bom sinal.

Quanto ao comentário... parece-me que concordamos... eu limitei-me a pôr a bitola... não quer dizer que a siga...

Até breve

Anonymous said...

Requereste a participação feminina, e eu, que apenas falo por mim, limitei-me a participar. Pode parecer enfadonho, não sigo a tua história frequentemente, mas tocou-me a subtil profundidade das palpitações, para tão curta estada na estranja. Foi um "pús" que me deu :-) Ser emigra tem destas coisas, e olha que também eu abolia o raio dos acentos....

Até breve.

Shamrock said...

És tramada... o pús também tem direito à vida...

Quanto às palpitações... não têm a ver com a estranja... se quiseres podes falar numa curta passagem por casa...