Wednesday, February 28

Disciplina - ou a ausência dela -


Segurem os vossos cavalos… eu não arranjei uma matrona irlandesa nem ando a trabalhar que nem um mouro (embora seja, até à próxima 2ª Feira, o único “mouro” da companhia)… escrever aqui implica, mais do que tempo, disciplina… e esta, por definição, não é fácil de manter.

… ainda não vou abandonar o bicho

Shamrock

Friday, February 23

Desconfio

Estamos 1 russo, 1 chinês, 1 japonês, o Kim Jong Il, a Madeleine Albright e eu a jogar “sobe e desce” no Aguarela, ali ao pé do Campo das Cebolas:

-“Vira”, diz, a páginas tantas, a Madeleine
-“Desconfio” grito eu num ápice
-“Gugu, foda-se, já te expliquei 50 vezes que não ‘tamos a jogar a isso”, replica um Serguei nada contente.
- “Desculpem lá pessoal… tou um bocado nervoso”, desabafo eu, “há que convir que não é fácil estar aqui… joguem vocês que eu fico a ver”
- “Deixa-te lá de mariquisses e vai-me buscar um malibu-pêssego” trauteia o Kim enquanto passa o lenço pela testa.

Estou confuso e desconfiado… vamos por partes:

1 – A Coreia do Norte avança com o seu programa nuclear, desata a fazer testes no Pacifico e, basicamente, ameaça partir isto tudo (vendo-vos ao preço que a comprei).
2 – O Irão diz que também quer um bocadinho, mas só para produção de energia.
3 – Os Estados Unidos cedem à Coreia e fazem um acordo histórico no qual baixam as calcinhas juntamente com a China, o Japão, a Coreia do Sul e a Rússia… O Kim acha razoável e aceita não nos matar a todos.
4 - Os Estados Unidos admitem estar a preparar um ataque ao Irão… just in case

Antes de mais, o desfecho destas negociações parece-me muito positivo e, quanto mais não seja, permite o regresso dos famosos inspectores e consequente abertura da Coreia do Norte ao Mundo… ainda que seja só uma fresta. Além disso demonstra uma aparente mudança de atitude perante as ameaças ao “mundo livre” por parte do seu “líder”… uma mudança muito positiva, baseada na comunicação e nos acordos pacíficos.

Tentando ignorar a questão do petróleo, não consigo perceber as motivações Americanas para a criação de um Oásis na sua politica externa.
Ou seja… porquê continuar a ser os mesmos coerentes rebentos de meretriz no médio oriente e, simultaneamente, ceder a um bully com a mania das grandezas?

Boa sorte jogadores… e portem-se bem.


Shamrock

Monday, February 19

Galway

Desde ontem (e até ver), a minha cidade favorita na Irlanda.
Tem mar, reflexos, pores-do-sol, pedras, mercados e até cãezinhos.


Dizem, além do mais, que possui a mais interessante vida nocturna irlandesa e, garanto-vos, que faltará pouco para eu perceber porquê.

O meu Pote de Ouro é aquele que está ali atrás da Cúpula… já sabem que é em Galway… boa sorte pequenotes.


Shamrock
Descobri que o meu telemóvel até tira umas fotos decentes...

Ideias Estúpidas I – Pequeno-Almoço

CLOYSTERS

Your Oyster Clusters

Saturday, February 17

O Terceiro


A dura acústica dos claustros, acompanhada pelo marchar dos seguranças, faziam a cadeira rolar sinistramente até à minúscula porta.
Desde o atentado que lá prometera voltar, e aí estava, debilitado como nunca, na expectativa de um último segredo… o terceiro.

Com um gesto ensaiado, a Madre indica-lhe o silêncio do aposento onde a Irmã, que em tempos foi prima, jaz no seu esparto leito.

“- Deixa-nos (…) sós Herman.” diz Karol, entre as pausas que a sua velhinha, mas fiável bomba de oxigénio lhe impõe.

Herman deita um olhar experiente à área circundante e, levando a Madre consigo, acede ao pedido.

Um desconfortável sossego volta à pequena habitação onde Lúcia escolheu passar, desde a última vez que se viram, o resto da sua existência.

“- Antes de (…) quebrares o teu (…) voto (…) preciso de te dizer (…) uma coisa” diz Karol, num Português sábio mas visivelmente enferrujado.

Surpresa pelo respirar profundo e intervalado da máquina, a Irmã acena uma nervosa aceitação.

Lá fora, a solitária nuvem que passa, faz cair uma sombra sobre o rosto de Karol que se deixa percorrer com a melancolia de quem sabe o que o futuro lhes reserva…

“Lúcia (…)(…) I am your father” afirma ele, na sua melhor interpretação de Darth Vader desde o consiglio de Novembro de 86

Trocam um terno olhar de reconhecimento e, vagarosamente, Karol pousa a sua vincada mão na dela.

“Eu sabia que voltavas”, diz-lhe ela enquanto lhe corre pelo rosto uma lágrima de felicidade

Shamrock


P.S. A punch-line desta linda história foi criada, em Agosto de 2000, durante um almoço volante em frente à Catedral de Praga no 1º Interrail das 4 putas e da F…. deu para uma boa meia hora de atrofio.
Este post é-lhes dedicado.

Errare humanum est... ou, Não se pode ter tudo

Hoje comi batatas a murro com alho e azeite… bem regadas com um vinho da Estremadura.
Hoje acabei a refeição com um vinho do Porto a acompanhar um cigarro.

Não sei quem disse que “se não existisse o Mal, não saberíamos apreciar o Bem” mas… hoje o jantar tinha-me sabido bem melhor se o Porto não tivesse espetado 4 na Naval.

Friday, February 16

FCP leva NAVALente peida

É o título d'A Bola amanhã.



Dedicado ao B., que me interrompe a escrita (para me falar de clubes bairristas, que até inventam datas de fundação) e à minha madrinha blogosférica, que hoje ficará duplamente contente.

Se assim não for, não faz mal... limpa-se ao jornal!


Shamrock

Wednesday, February 14

Olh'ós namorados... primos e casados

Woody, you're the man... a seguir ao Jorge Palma... e ao Preud'Homme

Shamrock


P.S. Dá-lhe Valentim

Monday, February 12

Mais-Valia / Estar-Quieto

O ex-Vice-Presidente dos Estados Unidos da América, Al Gore (EVPEUAAG), corre o mundo a fazer sessões de esclarecimento e sensibilização sobre o aquecimento global.
É aclamado por muita gente e criticado por outros tantos pelo rumo que deu à sua vida/carreira desde que “perdeu” as eleições para o outro, tornando-se, por opção própria, numa espécie de profeta do Apocalipse (aquele Apocalipse que os 5 últimos pisos daquele prédio em Downtown Miami chamaram para o Mundo quando, por alguma razão que a história explicará, resolveram votar Bush).

O EVPEUAAG deve ganhar por sessão de 2 horas o que eu ganho por ano.
O EVPEUAAG esteve 4anos na vice-presidência dos Estados Unidos e não se lhe viu, ou pelo menos não transpareceu para o exterior, nesse período, tamanha convicção.
O EVPEUAAG, tal como qualquer pessoa (especialmente as que se dedicam ao ambientalismo e ainda não se mudaram para uma gruta na serra do Marão), leva uma vida cheia de incoerências e pormenores complicados.

Independentemente disto, Al Gore é um orador excepcional, com uma lição muito bem preparada. Dedica-se a tempo inteiro a uma causa importantíssima e fez mais pela informação e pela consciência global usando seu discurso, carisma e popularidade de figura pública do que um milhão de eremitas straight-edge que se alimentam do Sol.

Dos dois, não sei qual o melhor ou mais feliz ser-humano, mas há que dar o mérito e enaltecer ambas das posições…
Parabéns ao Al Gore pela forma que arranjou de se tornar útil para o Mundo.

Shamrock

P.S. Foi feito um filme documentário sobre estas sessões que passou nos cinemas do mundo inteiro. É um documentário excelente e só não digo que devia ganhar o Óscar porque não vi os restantes candidatos. Se não ganhar o de “melhor documentário” pode sempre ganhar o de “melhor música”… não sei quem é que se lembrou de o nomear, mas teve uma ideia tão peregrina como engraçada e… quem joga no Benfica arrisca-se a ganhar, já dizia o Einstein.

Sunday, February 11

Votem Bem

... e em consciência

Friday, February 9

Bom dia Alegria

Ontem deitei-me 1h antes do habitual. Hoje tive uma deliciosa manhã de variados e avariados sonhos…

Não fosse a gripe e o cheiro a refogado* do jantar de ontem que ficou no impermeável, estava a ser um arranque em pleno

Bom dia,

Shamrock


**ou estrugido, em Irlandês

P.S. Em contraponto, o V. acordou às 5 da matina para levar o B. ao aeroporto.
A ele um grande Bem-Haja e um obrigado por não me ter acordado nem quando saiu, nem quando voltou. Amanhã acordo eu a essa hora para ir a Dublin… vidas difíceis.

Thursday, February 8

Continuação do 1º post de ontem


Antigamente lavava-se a roupa no ribeiro e penduravam-se os enormes e albinos lençóis p’ra secar nas calmas planícies alentejanas.
Antigamente lavava-se a louça num alguidar e o corpo numa enorme tina. No fim de se lavar o último tacho ou o filho mais novo pegava-se no alguidar/tina e aqui vai disto que as hortaliças estão com sede.

Com o evoluir da civilização, e em resposta às necessidades urbanas, apareceram as canalizações, o saneamento básico e, entre outras coisas, máquinas de lavar e de secar.

Toma-se banho na banheira e vai a água pelo cano abaixo; defeca-se na sanita… slide’n splash com o cagalhão; dá-se umas voltas às roupinhas da semana e lá vão umas 10 mudas de água para a Etar do Concelho; seca-se a roupa na máquina de secar e… despeja-se o reservatório para o lava-louças!??

O único propósito da máquina de secar é retirar a água da roupa. Para tal tem umas actividades marginais, nas quais se inclui um filtro que recolhe as fibras de tecido que se perdem no meio da porrada.
Naturalmente (e para infortúnio do utilizador) o filtro em questão tem que ser limpo, para um correcto funcionamento do mesmo, mas há que convir que filtros auto-limpantes com ligação directa ao sistema de gestão de resíduos sólidos devem ser caros e não são prática comum. Agora, um buraco no fundo da máquina ligado aos tubinhos que já estão no chão e que estão ligados a outros seiscentos equipamentos da casa… não me parece nada de extraordinariamente difícil de fazer…

Mas falo pelos que cá deixo, não é por mim que eu me queixo…Eu só não gosto é de ver a máquina a andar à volta com o depósito a transbordar sem estar efectivamente a fazer nada, simplesmente porque há habitantes em algumas casas que desconhecem a existência de tal elemento.


Shamrock

P.S. Eu pico-os porque eles gostam… pessoal das obras… dormem melhor assim

Tuesday, February 6

Mens Sana in Corpore Sano


Em Julho de 2005 inscrevi-me no Humus Palace (o nome é fictício porque o Sherlock assim o exigiu) com o objectivo de ganhar alguma forma e perder igual quantidade de peso. Após longos meses de uma relação que podia ter sido tão maravilhosa como foi não-existente, desvinculei-me do meu compromisso contratual em Agosto de 2006.

Tudo somado podemos dizer que deixei lá cerca de 200 milhões de Reis, 8h da minha vida, 33cl de suor e uma meia que, ainda hoje, provoca noites de choro soluçado, à sua companheira de vida, na minha gaveta da roupa interior no Edifício Vaduz (também este fictício devido à pouca paciência dos meus progenitores quando perante histerias colectivas).

Cheguei à conclusão que prefiro, de longe, ir correr com um dos gajos que gostam de comer a minha poeira ou jogar à bola com os coxos que não gostam de correr. Acabei por conseguir manter-me mais ou menos.
Nesse ano emagreci 12kg e posso dizer que foi com todo o prazer e muito pouco esforço.
Prometi-me não voltar a meter-me numa destas.

As condições climatéricas em Castletroy não são as ideais para a prática de nada* que não envolva pastar com um grande pedaço de couro cheio de pelo encharcado à volta.
Por isso, e porque os meus mais-que-tudo já o tinham feito, inscrevi-me no JJB.
Ontem fui lá pela 1ª vez. O meu “treino assistido” estava marcado 1h antes do deles, pelo que acabei por fazer hora e meia de tudo o que é máquina de cárdio que havia lá… imparável.

Fiquei a saber várias coisas:

- Tenho a tensão um bocado alta
- Tenho mais 6kg do que no dia 25 de Novembro (o que dá 82)
- a Jessica Simpson tem glândulas lacrimais do tamanho do Tuvalu (na maré baixa)
- Sou uma máquina de resistência
- e… pareço espanhol…

Hoje ‘tou todo partido mas bem mais contente. Daqui a 3 meses eu volto a fazer o ponto da situação.


Shamrock

P.S. Depois do banho, enquanto esperávamos pelo B., bebi uma espécie de sumo… tinha 51kcal por cada 100ml ou que soma um total de 255kcal na garrafa que bebi. Em 15min de bicicleta queimei 70kcal… da próxima vez acho que nem bicicleta nem bebida. Poupo 1,5€, 185kcal e 15min de seca.

*Com a excepção do muy popular eu-jogo-golf-mas- não-vejo-nada-com-o-nevoeiro-não-sinto-as-mãos-nem-os-pés-e-comunico-com-o-meu-caddie-por-grunhidos-porque-não-consigo-mexer-os-musculos-da-cara-mas-também-não-tem-mal-nenhum-porque-ele-é-um-iaque.

Caríssimos,

Hoje falar-vos-ei de duas situações que, em prejuízo de um mundo melhor, se repetem incessante e periodicamente (uma em ciclos semanais e a outra, anuais).

Vou começar por uma que todos os anos, por esta altura, me faz questionar a inteligência de um HillBilly chamado Sam, Tio de muitos.

Uma percentagem considerável da população mundial estará, no momento espácio-temporal abaixo especicificado, em frente à televisão :

Domingo, 25 de Fevereiro de ‘07: Honolulu-16h; L.A.-18h; NY-21h;

Segunda, 26: Lx-2h; Roma-3h; Cidade do Cabo-4h; Istambul-5h; Calcutá-8h; Changai-11h; Tokio-12h; Sidney-14h

Percebo a necessidade de fazerem a coisa à noite e, por isso, aceito o fado de ver os Óscars, entre a uma e as quatro da manhã… aquilo afinal até é deles e deve-lhes dar algum gozo imaginar a quantidade de europeus empertigados que ficam acordados p’ra se banharem na sua cultura.
O que eu não compreendo é a parte do “Domingo”… será que eles não percebem que Greenwich é na Europa? Será que eles não gostam de ganhar dinheiro? Será que eles não sabem que no mundo inteiro a Segunda-Feira é um dia útil?

Caro Óscar, exemplo de rectidão para todos nós… SÁBADO!! Sábado também é fim-de-semana na parvónia e, no resto do mundo… é Domingo.
Percebes ou queres que te faça um desenho?*

A outra fica p’ra mais logo.

Beijos,

Shamrock


*Tenho perfeita noção de que continuam a ser 6 da manhã no médio Oriente, mas pessoal… azarito… era bem pior se os gajos desatassem a entrar aí aos tiros p’ra vos ficarem com o petróleo.

Monday, February 5

House-Mates

A house-mate of mine questiona-se diariamente sobre a origem das ideias parideiras da minha produção blogueira. Poder-se-á dizer que está impressionado com a dimensão do meu processo criativo… é natural.

A posta seguinte é inspirada totalmente num episódio real passado numa qualquer manhã em Castletroy, County Limerick, Irlanda:

Todos nós já vivemos a sensação de, ao nos afastarmos do carro, não nos lembrarmos se acabamos de o trancar… sabes que provavelmente o fizeste, mas pura e simplesmente, não te lembras de o fazer desta vez... é uma perda de tempo um bocado ridícula mas olha… é auto-infligida.

As portas de casa na Irlanda abrem-se sem chave por fora, o que implica que tenhas que a tenhas que trancar sempre que sais e mesmo quando estás, em casa, a dormir.*

-1,5º lá fora, sais de casa e diriges-te, com o cabelo molhado e o casaco ao ombro, para o carro que já foi posto a trabalhar por um dos dois nervosos gajos que lá dentro rosnam de stress. Sentas-te, fechas a porta e, com a maior das naturalidades, o já referido tripeiro olha p’ra ti e diz: “Trancaste a porta?”

Ora bolas Marina!.. claro que devo ter trancado a porta… tranco sempre… agora, se me perguntas se me lembro de a trancar?.. não, a verdade é que não me lembro, mas isso também não me estava a preocupar nem um bocadinho.

Está visto que fui passear até à porta, pelo duro Inverno irlandês, para poder tirar uma dúvida que não tinha… a questão é: não vos parece muito mais justo que tivesse sido ele a lá ir? Ele sabe que é uma dúvida cretina. Com que direito se induz uma dúvida cretina a terceiros?

O que vale é que o Porto vai perdendo.

Shamrock

P.S. Gosto mais dos meus parceiros de casa do que de chocolate (com a excepção do chocolate de cozinha que é simplesmente orgásmico, coisa que eles não são, pelo menos para mim), por isso este post é p’ra eles, os únicos leitores “irlandeses” deste blog.

* As porta, além disso, têm um truque com a manivela para se poderem trancar… é preciso rodar o manipulo no sentido anti-horário até prender. Até agora nenhum de nós conseguiu perceber o objectivo… mas deve existir.