"O provedor de Justiça, Nascimento Rodrigues, enviou um ofício ao presidente da câmara de Lisboa a defender a harmonização do horário de encerramento dos estabelecimentos nocturnos do Bairro Alto às "duas da madrugada"."
Desde que comecei a ir ao Bairro que faço questão de, enquanto sorvo a minha morangoska à porta do Cena de Copos, guardar 5min por noite para sofrer um bocadinho com os moradores por trás daquelas velhinhas janelas de madeira e envidraçado simples. É um fado triste o daquela boa gente que tem que levar todo o santo dia com gentalha ébria e barulhenta, tráfico e consumo de drogas variadas e, ocasionalmente, com o bater das biqueiras de aço de uma qualquer trupe skinhead a fazer a limpeza étnica do mês.
O Bairro Alto é, para mim e para muitos, dos melhores “sítios de noite” que conheço e é reconhecido como tal pela maior parte dos turistas que conheci.
Nesta nossa sociedade cheia de dinheiro e vícios, a noite representa não só um mercado muito considerável, como um foco de interesse para uma cidade, quer na qualidade de vida dos que a frequentam, como no potencial turístico que comporta.
É este potencial turístico enorme que o Bairro tem que eu acho que, numa altura em que as low-costs espalham os seus tentáculos e criam novas formas de fazer turismo de fim-de-semana, deveria ser preservado.
Diminuir em duas horas o “lucro” dos bares e fazer com que aqueles que gostam de jantar muito tarde - ou passar pelo café antes de começar a noite – pensem 2 vezes antes de ir até ao Bairro passar uma horita parece-me má ideia.
Lisboa continua a perder vitalidade. As cada vez menos pessoas que lá vivem deslocam-se de carro, passam os seus tempos livres em casa ou nos centro comerciais. A cidade precisa urgentemente de ganhar vida própria, ter pessoas na rua, lojas cheias… precisa de ser, de dia, uma amostra do que o Bairro é à noite.
Com isto quero dizer que Lisboa não anda a respirar qualidade de vida e tem, no Bairro um activo precioso da cidade e merece ser muito bem tratado para que não morra.
Este bem tratar implica melhorar acessibilidades (metro aberto até mais tarde, por exemplo), manter os níveis de criminalidade aceitáveis e, não menos importante, manter o interesse do bicho.
E ah… há p’raí muito jovem que gostava de lá viver. Passe o tempo e venham os incentivos.
Shamrock
Disclaimer:
este post tendencioso foi escrito com propósitos lúdicos e não representa necessáriamente a opinião do autor.